
A ânsia por pragmatismo deixou-me exasperado e, devido a isso, entreguei-me integralmente à inércia. Sem ao menos tentar, deixei que meus caminhos fossem trilhados sem agir; Apenas deitei-me e fixei o olhar ao núcleo solar. O calor parecia transpor minhas pupilas e em uma nuance paradoxal, me causava calafrios. Seria pertinente procurar luz em um astro?
Concluí, então, que não existia pertinência. Era apenas uma porrada de acontecimentos e paranóias que de forma alguma me abandonariam, resolvi, então, embrenhar-me em encarar os caminhos outrora criados por minha mente, afim de me deparar com a felicidade. Conheci então, o gosto do fel, do insucesso.
Empirismo? Doutrina irresoluta, alimento de decepções e antíteses até então inexistentes.
Desgostoso, valorizei minhas chagas. Ainda não chegara a hora; não queria, então, mudar - Mas certas mudanças ocorrem sem que percebamos, e logo minha euforia tornar-se-ia prantos.
Juntei o que sobrou de minha auto-estima e guardei em meu bolso direito, junto ao maço de cigarros e uma cópia amassada de meu curriculum vitae.
Cheguei em casa e lancei-me à cama, como se fosse um cadáver jogado do alto de um prédio diretamente em sua cova. Não haviam motivos para chorar, mas as lágrimas insistiam em cair e impedir meus olhos de serem fechados.
Tomei a última dose que restara de efedrina, tinha conhecimento da imprudência, mas ainda assim precisava sentir mais uma vez o barato proporcionado pela droga. Adormeci profundamente sem recordar-me do ocorrido, não dobrei os joelhos em devoção a Deus naquela noite, talvez tenha perdido a última oportunidade de minha vida.
Mas de forma alguma isso é relevante. O sol nunca perderá sua luz, um caleidoscópio nunca será uma rosa.
Sigur Rós - Untiled #7