sábado, 29 de março de 2008

O Caminho.




Durante toda a minha existência procurei caminhos alternativos em meio à ilusão da conveniência, só agora me dei conta de que não importa qual deles eu eu venha a escolher, todos, todos eles encerram-se onde tem início minha sepultura.




Imagem: The Magpie
MONET, Claude

sexta-feira, 28 de março de 2008

Tentei abraçá-la mas seus braços mantiveram-se cruzados.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Exasperar.


A ânsia por pragmatismo deixou-me exasperado e, devido a isso, entreguei-me integralmente à inércia. Sem ao menos tentar, deixei que meus caminhos fossem trilhados sem agir; Apenas deitei-me e fixei o olhar ao núcleo solar. O calor parecia transpor minhas pupilas e em uma nuance paradoxal, me causava calafrios. Seria pertinente procurar luz em um astro?
Concluí, então, que não existia pertinência. Era apenas uma porrada de acontecimentos e paranóias que de forma alguma me abandonariam, resolvi, então, embrenhar-me em encarar os caminhos outrora criados por minha mente, afim de me deparar com a felicidade. Conheci então, o gosto do fel, do insucesso.
Empirismo? Doutrina irresoluta, alimento de decepções e antíteses até então inexistentes.
Desgostoso, valorizei minhas chagas. Ainda não chegara a hora; não queria, então, mudar - Mas certas mudanças ocorrem sem que percebamos, e logo minha euforia tornar-se-ia prantos.
Juntei o que sobrou de minha auto-estima e guardei em meu bolso direito, junto ao maço de cigarros e uma cópia amassada de meu curriculum vitae.
Cheguei em casa e lancei-me à cama, como se fosse um cadáver jogado do alto de um prédio diretamente em sua cova. Não haviam motivos para chorar, mas as lágrimas insistiam em cair e impedir meus olhos de serem fechados.
Tomei a última dose que restara de efedrina, tinha conhecimento da imprudência, mas ainda assim precisava sentir mais uma vez o barato proporcionado pela droga. Adormeci profundamente sem recordar-me do ocorrido, não dobrei os joelhos em devoção a Deus naquela noite, talvez tenha perdido a última oportunidade de minha vida.
Mas de forma alguma isso é relevante. O sol nunca perderá sua luz, um caleidoscópio nunca será uma rosa.











Sigur Rós - Untiled #7

quinta-feira, 13 de março de 2008

Piloto...

...E, enquanto ocupava-se tragando um pouco mais de sua juventude naquele cigarro, não percebia que, lentamente, seus pensamentos tornavam-se súbitos devaneios hipnagógicos e que em poucos minutos sua mente estaria mergulhada e adormecida.
Achava estranho ter 5 ou 6 sonhos à cada hora de sono - Não parecia saudável pensar que, ao mesmo tempo em que adormecia nos braços de sua amada, seus corpos estavam cobertos por pragas, suas mãos desapareciam como num passe de mágica e seus corações eram retirados por seu ídolos. Toda sua paz ficava conturbada quando dormia, o mundo tornava-se inexplicavelmente vazio e caótico.
Ajoelhou-se, então, buscando a glória, encontrou apenas sangue e resquícios de sua conduta outrora anômia. Sentira nostalgia das tardes de sol no Balneário, do gosto de fel da derrota de seu time do coração e, principalmente, dos calorosos abraços uterinos de sua progenitora.
Já era tarde quando acordara, sua respiração era ofegante, parecia que havia acabado de ser concebido com o cordão umbilical envolto em seu pescoço, cuspira todo o medo que subitamente fora expelido para fora de seu peito enquanto dormia, esfregava os olhos com constância, parecia não acreditar que tudo aquilo não passara de um sonho . Lavou o rosto e, ao abrir as cortinas, pode notar que o horizonte debutara em ausência de cor.
Agasalhou-se, abriu o guarda-chuva e acendeu o último cigarro, seus pulmões incinerados apenas impulsionavam sua busca por respostas, acordara entusiasta, sua euforia não podia ser comedida.

domingo, 9 de março de 2008

Partir.


Tão cedo chegou, e já está de saída?
Feche a porta, por favor, não quer chorar ao ver
Que tão logo irá partir...
Felicidade, ruína
E meu coração.




Foto por: Carlos Eduardo Tenório
Música: Lovedrug - Pretend You're Alive