segunda-feira, 28 de julho de 2008

Vida


Vivo na penumbra desta imensa competição. A vida me dá antolhos e não há como enxergar ou defender-me de tudo aquilo que me atinge antes mesmo que eu perceba sua aproximação.

Se vivo pela esperança de agradar a alguém, é porque caminhar só já não me faz bem.

E vivo, mesmo que finado, vivo. Inacabado, com fim já decretado, vivo.
Vivo a assitir, sou apenas mais um telespectador de um mundo bárbaro e caótico. Preciso de espaço, não há espaço. Preciso agir, não há ação.
Apático, vivo a inanição social imposta por minhas condições, ou pela falta delas, ou por algo que o valha, não que valha a pena.
E é tudo uma imensa competição, caminho sobre brasas, e o pesar já não mais me incomoda. Caminho sobre corpos, e a vaidade me dá prazer.
Em meu ''admirável mundo novo'', padecer não exila culpa, pois a culpa nunca é exilada.
Em meu admirável mundo novo, eu nada admiro, nem o mundo, nem o novo.
Meu admirável mundo novo é um ringue, mas o que fazer já que não quero lutar?


Se vivo pela esperança de agradar a alguém, é porque caminhar só já não me faz bem.

quinta-feira, 3 de julho de 2008


Hoje sei que até o telefone toca de uma maneira peculiar quando é você quem me procura. Não é mais estridente, ou mais grave, é apenas diferente. Os toques demoram a acabar, a ligação termina com um breve diálogo. Sem delongas, sem carinho, sem intenções - sejam elas boas ou ruins.
Quando lembro que existem intenções, já é tarde. Quando não são minhas fichas que acabam, é a rede que dá conta de nos distanciar. Esta distância é vaga, como uma queda livre do topo do Everest, ou como cada uma das linhas de meu diário. Não é boa, não é ruim, apenas vaga, vaga e conveniente. Meu ego e meu coração não vêem a hora que cessem os gastos com chamadas de longa distância que não os levam a lugar algum. Meu mundo está ocupado, favor ligar mais tarde.