segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Oportunismo.

O que realmente acontece é que sou inapto para criar oportunidades e, devido à esta inaptidão - nunca por comodidade, aguardo que portas sejam abertas e oportunidades me sejam oferecidas.
Não é inércia, não é preguiça e, bem provavelmente, seja receio em arriscar o nada que tenho por algo que desconheço.
Além do medo, existe a volubilidade que, momentos após, me faz constatar que esta antítese não existe e que tudo não passa de comidade, de fato, por fato e de forma incircunstancial.
O velho eu fora fenecido, logo após ser concebido.
5 minutos, multivita.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Meu mundo.

Meu mundo gira de forma displicente e me atira contra suas paredes, sempre com maior intensidade do que na ocasião anterior.
Eu nunca o questiono, sempre acato ao seu movimento uniforme com minha boca selada, por minhas mãos sobreposta, sem proferir sequer uma letra.

Mesmo ferido, nunca choro, nunca sangro. Apenas espero para que da próxima vez consiga atingir às paredes com tamanha intensidade que não reste nada além de você, ou do que sinto em relação a tudo isso.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

PIloto²

(...)Lembro-me do sorriso que Louise dera ao ver o hall de nossa nova casa - mesmo com o ainda incômodo odor de rosas misturado à morbidez do velório que ali ocorrera duas semanas antes de chegarmos.
- Aqui está, tudo o que sempre sonhamos!, Disse ela com um encanto que era absoluto, inquestionável.

Pela segunda vez em 10 anos senti que era o homem de sua vida, quando ela fixara seu olhar ao meu como se nada mais existisse e, após 10 segundos, me concedera o mais longo, aquecido e receptivo abraço de toda a minha vida; Fico me indagando como seria caso ela soubesse que exatamente 5 anos após esta tarde, eu morreria em virtude de um tumor que cultivei por mais de duas décadas, informação da qual eu nunca havia compartilhado com ninguém, além de um adorável e pequeno cão vira-latas que respondia pela graça de Boris e, aos 8 anos de idade, já havia perdido a capacidade de caminhar.
Mas naquele dia cinzento e aconchegante, o mundo fora perfeito, 'a vida foi vida' e, em silêncio, eu rezava para que esta felicidade se repetisse por todos os dias de sua vida, ad infinitum.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Devaneio.


Sabe quando você acorda de um sonho e percebe que ele ainda não acabou? O mundo já acabou, mas ele - o seu sonho, continua ali.
Vivo meus sonhos, e meu mundo acaba quase que diariamente. Como num pulso insensato e impulsivo, sempre acordo entusiasta, distribuindo socos contra o travesseiro e tornando real toda aquela ação contida em meus devaneios.

E, quanto mais as horas passam, mais emocionante torna-se este sonho; mais personagens os compõe, mais reais ficam suas falas.
Quanto mais as horas passam, mais eu caminho sobre nuvens, monto dragões e viro um super-herói.  E os super-heróis em meus sonhos são mais poderosos do que qualquer um já visto. Eles, além de super poderes, possuem a capacidade de caminhar sobre nuvens e montar dragões, também.

Há algumas noites, sonhei que havia perdido meus poderes e, em um beco escuro de uma cidade desconhecida, alguém vinha a mim, entregava um papel, me oferecia um cigarro e depois sumia em meio a neblina, sem que eu tivesse tempo dequestionar ou argumentar sobre.
Na manhã seguinte, ao acordar, haviam sobre a minha cabeceira um cigarro, um papel e uma série de dúvidas.
Ascendi o cigarro e, ao pegar o papel, acordei. Sem poderes e sem resoluções, só uma infinidade de dúvidas que ardem sempre que sonho, sempre que fumo e, principalmente quando acordo.


Foto por: Paula Schröder aka minha vida.
http://www.flickr.com/photos/the_thief





 

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Inefabilidade

Vivo, neste momento, mentiras sensatas. Ou verdades insensatas que, mesmo sem algum sentido, ainda continuam absolutas.
Vivo o que é natural, o que me é imposto.
E vivo creio, mesmo que com certo receio, que um dia aprenderei a viver.
Vivo. E é vivo que acredito que a vida não tem um meio, e que o fim é o começo daquilo que desconheço.
E se algum dia me perguntarem porque vivo, responderei convicto:
- É tudo, tudo inefável.

domingo, 9 de novembro de 2008

Paula²

Palavras não seriam suficientes para definir o júbilo que trouxeram-me todos os minutos em que estive ao seu lado. Por muitas vezes impedi meus sentidos de exercerem sua íntegra função por medo que oferecessem resistência àquilo que, com imensa alegria, sentia por ti. Réu confesso, agora assumo a culpa, por cada sentença não profanada, por cada sussurro não ouvido e por cada brisa não tocada. Fui por ti e hoje, por mais que irresoluto, tento ser por nós. Mas ainda assim o esmero, o carinho e, acima de tudo, o amor, manter-se-ão talhados em meu coração. Obrigado por todas as tardes de domingo em que permitias que eu escorasse meu sono em teus braços, usando-os como nuvens, para dividir a beleza de cada devaneio usurpado por meus sonhos. Minha gratidão não é proporcional ao meu aprendizado ao teu lado e, ambos sabemos, que mesmo que fechem-se as cortinas, o espetáculo há de continuar. Senão aqui, em outros palcos, em outros planos, em outras vidas.

Obrigado por tudo, amor da minha vida.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A Espera.

No início você espera que não seja nada, ou que seja apenas um suspiro pretensioso que faz seu coração quando seus olhos cruzam os dela.
Então passam os dias, as semanas e os meses, e você espera ansiosamente pelo momento de revê-la e tê-la perto de ti.
A espera continua, mas agora você espera ser relevante, espera fazer a diferença, espera mudar.
E mesmo jurando não se importar, você espera que seja importante, e a partir deste momento, você espera diante de qualquer atraso que venha a acontecer. Espera de braços cruzados e de mãos atadas. Espera de braços abertos e de mãos dadas.
E continua a esperar...

Espera que não seja um sonho, e caso o seja, espera que este devaneio seja eterno.
Você espera que nunca tenha fim, mesmo que tudo já tenha acabado.

E quando tudo acaba você espera dormir e sonhar novamente.
E quando o sono não vem, você espera que seja apenas um dia triste.

Quando se dá conta de que a realidade é vazia, caótica e cruel, você espera não sofrer.
E quando sofre, você espera que haja alívio.
E quando não há mais nada, você espera tornar-se Deus.